Resenha: A Mulher na Janela, de A.J. Finn + o que achei do filme - Jurista Geek

24/08/2025

Resenha: A Mulher na Janela, de A.J. Finn + o que achei do filme


Apesar de eu sempre ter tido curiosidade a respeito de A Mulher na Janela, do A.J. Finn, eu sempre acabava adiando a leitura. Foi preciso que a adaptação cinematográfica fosse lançada para que eu finalmente tomasse a iniciativa de ler a obra. 

Confesso que achei o início da história um pouco parado, mas depois entendi que era necessário para que, a partir da metade, pudéssemos entender melhor a mente da protagonista. 

Em A Mulher na Janela, A. J. Finn entrega um thriller psicológico que, embora dialogando diretamente com convenções do gênero, consegue prender o leitor com sua atmosfera sufocante e detalhista.

A protagonista, Anna Fox, vive reclusa em sua própria casa, observando os vizinhos e refugiando-se em seus hábitos cotidianos. A trama se desenvolve lentamente, numa cadência que privilegia o olhar introspectivo e a fragilidade emocional da personagem, ao mesmo tempo em que a cerca de mistério e desconfiança. O leitor é conduzido por um terreno instável, no qual realidade e imaginação se confundem, criando uma tensão constante.

É verdade que alguns elementos soam familiares para quem já percorreu outros thrillers do mesmo estilo. A sensação de “já vi isso antes” surge em determinados pontos, especialmente conforme o enredo avança em direção ao clímax. O desfecho, por exemplo, tende a ser um tanto previsível — não necessariamente por falhas de construção, mas pelo excesso de marcas típicas do gênero. Ainda assim, a jornada até esse final é instigante e bem amarrada, evitando a sensação de artificialidade.

O que torna o livro especialmente interessante é o olhar minucioso de Finn para a ambientação. Os objetos da casa, os pequenos rituais de Anna e a descrição das janelas, portas e corredores não aparecem como meros detalhes: eles são peças fundamentais para criar a atmosfera de confinamento e paranoia. Esse cuidado confere ao romance uma camada quase cinematográfica, mas que só a literatura consegue explorar com tanta profundidade psicológica.

Na comparação com a adaptação cinematográfica, as diferenças são claras. A adaptação estrelada por Amy Adams privilegia o ritmo mais ágil e o impacto visual, condensando e simplificando partes da trama. Se por um lado isso a torna mais acessível para o grande público, por outro sacrifica nuances da personagem e a riqueza de detalhes que o livro oferece. A experiência cinematográfica é intensa, mas passageira; já a leitura mergulha o espectador-leitor em uma espiral de fragilidade emocional e suspense psicológico que se prolonga para além das páginas.

No fim das contas, A Mulher na Janela pode não reinventar o gênero, mas mostra como uma escrita atenta ao detalhe e uma atmosfera bem construída ainda têm força para cativar e envolver, mesmo diante de caminhos narrativos relativamente previsíveis.
 

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