Crítica: Cidade Invisível (2021) - Jurista Geek

23/02/2021

Crítica: Cidade Invisível (2021)

Cidade Invisível - Netflix (2021)

Quando Cidade Invisível foi anunciada pela Netflix, a premissa, por si só, já chamou muito a minha atenção. Para quem era apaixonado pelo Sítio do Picapau Amarelo quando criança e amava ler sobre o folclore brasileiro como eu, ver uma nova produção de grande porte abordando esses aspectos da cultura do nosso país é maravilhoso. 

Tendo como showrunner o incrível Carlos Saldanha (indicado ao Oscar e diretor de longas como O Touro FerdinandoA Era do Gelo 3 e Rio), a série teve o seu roteiro escrito por duas figuras conhecidas da literatura brasileira atual: Raphael Draccon (autor da trilogia Dragões de Éter) e Carolina Munhóz (autora de O Reino das Vozes que Não se Calam).

Fonte: Netflix/Divulgação

De início, a série já nos entrega um acontecimento chocante: durante uma festa junina na Vila Toré, Gabriela (Julia Konrad) acaba falecendo na tentativa de proteger a sua filha de um incêndio que toma conta da floresta. Eric (Marco Pigossi), esposo de Gabriela e policial da Delegacia Ambiental, decide investigar a o acontecido, por acreditar que não se tratou de um incêndio acidental.

O toque misterioso da série ganha ainda mais força quando Eric encontra um boto-cor-de-rosa, que é uma espécie de água doce, morto na areia da praia. Tais acontecimentos levam o protagonista a uma intensa investigação, entrando no caminho de diversas pessoas, como Inês (Alessandra Negrini) e Camila (Jessica Córes). Mesmo sem querer, Eric acaba mergulhando em um universo folclórico em que nunca acreditou, onde moram seres como a Cuca, a Iara e o Saci

Fonte: Netflix/Divulgação

Preciso dizer que devorei a série em uma noite: eu comecei a assisti-la antes de dormir e pensei "só um episódio e, se eu gostar mesmo, amanhã eu continuo"... Engano meu! Não consegui desgrudar o olho da tela enquanto não acabei o último episódio. É uma trama muito envolvente e deveras familiar para quem conhece as lendas do folclore brasileiro. 

Não é muito difícil, inclusive, identificar cada personagem dentro do universo folclórico que conhecemos. O telespectador pode até estranhar um pouco se compara-los, por exemplo com a representação de Monteiro Lobato para os seres, que acabaram se tornando mais caricatos do que vilanescos no Sítio do Picapau Amarelo, enquanto em Cidade Invisível são mostrados a partir do ponto de vista de um adulto cético que não acreditava em nenhuma das lendas. 

Fonte: Netflix/Divulgação

Pode-se dizer que os personagens precisaram acompanhar a modernização da sociedade, sendo mostrados como pessoas do nosso cotidiano que precisam esconder o seu verdadeiro eu, vivendo às margens da sociedade. A forma como a série mostra a origem dos seres a cada novo episódio também merece destaque. 

Além do suspense e da mitologia que envolve a trama, podemos encontrar várias questões que devem ser debatidas na hodiernidade, como, por exemplo, até que ponto vale a pena o progresso da sociedade enquanto a nossa cultura e os costumes de nossos ancestrais são desvalorizados e, muitas vezes, perdidos.

Cidade Invisível, portanto, possui não só objetivos comerciais, como elevar a qualidade das produções nacionais e leva-las para o exterior, mas também de manter preservada a memória e a cultura do nosso povo.


7 comentários:

  1. Eu comecei a assistir e acabei dormindo... rs Acho que não é pra mim, mas como tem muita gente elogiando e indicando e eu adoro o Marcos Pigossi, vou dar uma segunda chance.
    Beijos

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    1. acontece kkkk também já adormeci assistindo algumas outras séries... uma pena que de início não tenha chamado tanto a tua atenção, mas espero que tu gostes, se der uma segunda chance. bjsss!

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  2. Olá, tudo bem ?
    Vejo que essa série é muito "Ame ou Odeie", eu acho que fique no segundo time, não aguentei muito tempo quando tentei e desisti rapidamente, confesso que não penso em dar uma segunda chance a série. Por outro lado, se eu nunca tivesse visto, tivesse só lido a sua resenha, eu certamente teria vontade de assistir.
    Beijos

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  3. Oi!
    Eu vi esse trailer no Netflix, mas ainda não assisti o filme, fiquei curiosa quanto a trama ainda mais que envolve folclore.
    Parece ser um filme muito bom e envolvente, obrigado pela dica, parabéns pelo post e pela resenha, abraços!

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  4. Olá, tudo bem? Eu só tenho visto elogios rasgados para a série, o que tem super me animado a conhecer. Além disso, sou fã do folclore brasileiro, por isso ver ele como temática central me deixa mais ansiosa. Dica super anotada!
    Beijos

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  5. Oi Gleydson, tudo bem?
    Eu vejo tantos elogios a essa série que tá me dando aquele medo básico dela não ser tudo isso. Criar expectativas não anda sendo comigo ultimamente. Nem mesmo livro eu tenho lido direito e isso tá realmente me chateando, mas, quem sabe se eu começar por coisas menorzinhas como filmes e séries com poucos episódios, as coisas se resolvam.
    No mais, eu gosto muito da proposta da série e o folclore brasileiro sem dúvida é uma fonte farta de inspirações.
    Um beijo de fogo e gelo da Lady Trotsky...
    http://wwww.osvampirosportenhos.com.br

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