10/12/2020
Resenha: Sobre a Escrita, de Stephen King
Nascido em setembro de 1947 na cidade de Portland, nos Estados Unidos, Stephen King é o nono autor mais traduzido no mundo, tendo vendido mais de 400 milhões de cópias de suas obras em todo o planeta de acordo com a BBC. Ao meu ver, o rei do horror é um dos autores mais brilhantes que existem, não por causa do sucesso estrondoso que suas obras fazem, mas por sua genialidade. Em Sobre a Escrita, King divide conosco os seus "segredos" para escrever uma boa história.
Intitulada originalmente On Writing: A Memoir of the Craft, a primeira edição da obra foi lançada em 2000 nos Estados Unidos. O autor afirma não considerar o livro a sua autobiografia, mas, ao ler a obra, você percebe que há, sim, um teor autobiográfico presente em toda a obra, até mesmo nas partes sobre a escrita. Desse modo, King vai mesclando memórias e técnicas de escrita em todo o livro.
A obra se divide em quatro partes: Currículo, Caixa de ferramentas, Sobre a escrita e Sobre a vida. Na primeira, o autor foca em acontecimentos da sua vida, principalmente aqueles que influenciaram a sua carreira como escritor. Se engana quem pensa que o autor só entrega ao leitor os bons momentos de sua existência, pelo contrário, ele nos conta desde a infância conturbada aos problemas com álcool e drogas em sua vida adulta, assim como os fracassos e sucessos da carreira de escritor. É interessante, porém, o bom humor que King utiliza para nos contar todos esses fatos. No início, por exemplo, ele escrevia pequenos contos e os enviava para revistas visando a publicação, mas nem sempre eram aceitos.
"Isto não é uma autobiografia. É, na verdade, uma espécie de curriculum vitae, minha tentativa de mostrar como se forma um escritor. Não como se faz um escritor; eu não acredito que escritores possam ser feitos, nem pelas circunstancias nem por autodeterminação (embora já tenha acreditado nessas coisas). O equipamento vem na embalagem original. Embora não seja, de forma alguma, um equipamento incomum. Acredito que muitas pessoas têm pelo menos algum talento para escrever ou contar histórias, e esse talento pode ser fortalecido e afiado. Se eu não acreditasse nisso, escrever um livro como esse seria perda de tempo".
Na segunda parte, o autor nos ensina a criar a nossa própria "caixa de ferramentas", como, por exemplo, o nosso vocabulário e a nossa gramática (não vou me estender nos componentes da caixa de ferramentas para não dar spoilers). Logo em seguida, temos a terceira parte, Sobre a escrita, em que King nos conta tudo sobre os seus hábitos, cronograma e dicas de escrita, assim como coisas que prejudicam a narrativa da história. Essa é a parte mais extensa do livro e talvez seja um pouco cansativa para os leitores que não possuem muito interesse nas dicas, mas é um prato cheio para aspirantes a escritor. Eu perdi a conta de quantas marcações eu fiz nessa parte haha.
Na quarta e última parte, King nos conta todos os detalhes de um acontecimento que mudou a sua vida para sempre: no ano de 1999, em uma de suas caminhadas diárias, o autor foi atropelado por um furgão que estava sendo dirigido por um motorista imprudente, lhe ocasionando inúmeras fraturas e uma série de outros problemas (sim, por imprudência de outrem no trânsito, quase perdemos o nosso rei do horror). O autor estava, inclusive, escrevendo o livro Sobre a Escrita quando o acidente aconteceu. King não nos poupa de detalhes, principalmente, da recuperação e como foi o processo de voltar a escrever depois do acidente.
Por fim, o autor nos presenteia com duas listas de livros que "funcionam" para ele, isto é, suas melhores leituras e aquelas que lhe garantiram boas doses de diversão. São duas listas porque a primeira foi publicada junto à primeira edição da obra, em 2000, enquanto a segunda foi sugerida a King pelos editores para a nova edição, com as melhores leituras realizadas pelo autor entre 2001 e 2009.
"Este livro é curto porque a maioria das obras sobre a escrita está cheia de baboseiras. Os escritores de ficção, incluindo este que vos fala, não têm um entendimento muito claro sobre o que fazem — por que funciona quando é bom, por que não funciona quando é ruim. Imaginei que, quanto mais curto o livro, menos baboseira teria".
Sobre a Escrita é, portanto, uma obra que todo aspirante a escritor deveria ler, afinal, quem não gostaria de ter uma aula sobre escrita com o rei, não é? King é muito preciso na forma como repassa os seus ensinamentos e as dicas são muito valiosas. Não tem enrolação, não tem "enfeites", mas muito aprendizado. Na minha opinião, a leitura é indispensável, também, para os fãs do autor, porque, através dela, podemos "entrar na cabeça" de King e saber mais sobre o processo de concepção dos livros que temos em mãos, em especial daqueles que mais gostamos. Depois da leitura, eu senti que o meu vínculo com as obras do autor se tornou ainda mais sólido.
É uma obra que pode oferecer diferentes formas de absorção da leitura, de acordo com o tipo de leitor que a realizará. Para mim, Sobre a Escrita foi um prato cheio em todos os sentidos que eu degustei com muita facilidade e gosto, pois, além de ser um grande fã do autor e de biografias, eu gosto muito de escrever, desde a minha infância. Foi uma leitura que me proporcionou vários sentimentos diferentes e muitos aprendizados, que ficarão sempre comigo.
É impossível ler a obra e não sentir nem que seja uma pontinha de vontade de escrever uma boa história, a menos que você não goste nem um pouco desse ofício, mas para os apaixonados por essa arte, assim como eu, Sobre a Escrita é um grande estímulo, e Stephen King mostra que sabe ser um incentivador de mão cheia.
Sobre a Escrita | Stephen King
Editora Suma | 256 p. | 2015
Oi Gleydson!!
ResponderExcluirEu sou até suspeita pra falar de King, eu amo demais tudo que ele escreve, e esse foi um dos livros que eu senti conectada com ele, mesmo que não sirva pra mim porque eu não escrevo nada, foi muito bom conhecer esse lado de um autor que eu gosto tanto! Adorei tua resenha, ficou incrivel!
Oi Bianca!!! Também amo demais o rei do horror e suas obras. Concordo bastante contigo, também me senti super conectado com ele lendo esse livro. Fico feliz que tenha gostado da resenha ❤
ExcluirOi, Gleydson. Como vai? Eu não li este livro do Stephen, mas tenho curiosidade em lê-lo. Que bom que gostou de o ler. Ótima resenha. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Obrigado pelo feedback, Luciano. Abraços!
ExcluirOi Gleydson, tudo bem?
ResponderExcluirNa época em que esse livro foi lançado eu li alguns comentários elogiando muito. Só lendo a sua resenha, até eu que não tenho a menor habilidade para escrever um livro, fiquei com vontade de seguir as dicas dele e ver no que vai dar, risos.. Muito legal da parte dele falar sobre os problemas que enfrentou na vida, mostrar os bons e maus momentos. Parece ser uma obra a inspirar muita gente. Sua resenha ficou ótima!!!
beijinhos.
cila.
Simmm, acho que até quem não tem vontade de escrever, quando lê a obra, fica com vontade, nem que seja uma pontinh kkkk. Obrigado pelo feedback positivo sobre a resenha, abraços! ❤
ExcluirOi, Gleydson!
ResponderExcluirEu sou muito fã da mente do King, mas tenho um pouco de dificuldade de gostar dos seus livros. Vai entender...
Em algum momento, já tentei escrever, mas hoje eu já não tenho essa vontade, então leria o Sobre a Escrita mais pelo quê de biografia do que qualquer outra coisa.
Sua resenha está excelente!
Bjss
http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com/2020/12/resenha-o-dia-do-curinga-um-role-pelo.html
A mente do King é uma coisa inexplicável, né? O bom desse livro, também, é a sensação de entrar um pouquinho na mente dele haha. Bjsss!
ExcluirOlá, Gleydson.
ResponderExcluirEu já vi resenhas super positivas desse livro. Acredito que para quem quer ser um escritor vai estar pegando dicas com um dos melhores e também para quem é fã do autor seja leitura obrigatória. Infelizmente não sou nem fã nem quero escrever nada futuramente então vou deixar passar a dica hehe.
Prefácio
Sim, com certeza, se encaixa perfeitamente para esses dois públicos. Obrigado pelo comentário, bjs!
ExcluirOlá, tudo bem? Acho que com certeza um dos grandes nomes da literatura teria muito a nos ensinar sobre a escrita, por isso esse deve ser um prato cheio para quem é aspirante. Eu nunca li nada do King, devo admitir, porém imagino que porquanto fãs tenha ai, a sua escrita deve ser a altura e espetacular. Quem sabe um dia, quando me despertar o interesse em escrever algo, eu use como base esse exemplar. Amei a resenha e saber suas impressões sobre!
ResponderExcluirBeijos
Põe grande nisso, viu! Se algum dia pensar em escrever algo, com certeza essa leitura te ajudará bastante. Bjs!
ExcluirAdoro livros desse tipo, no qual o autor fala sobre si e seu processo criativo. Mas levando em consideração que não me identifico com o estilo de escrita do autor (já tentei ler livros dele, mas não me convenceu), vou passar a dica!
ResponderExcluirTambém gosto muito! Obrigado pela visita, bjs...
ExcluirOi Gleydson!
ResponderExcluirSou muito fã das obras de King, ele é um dos meus escritores favoritos suas obras detalhadas é o que me fascina, sua inteligência em criar um clima envolvente me prende. Esse livro ainda não li mas fiquei curiosa sobre o que aprender sobre a escrita. Obrigado pela dica, parabéns pela resenha ficou maravilhosa, abraços!
Também, Cris! Amo demais o rei do horror e tudo o que ele escreve. Obrigado pelo carinho, bjsss!
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